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Empreendedora carioca cria marca para cabelos crespos inspirada em cosméticos franceses

Fonte: Redação

A expressão francesa prêt-à-porter (pronto para vestir, em português) casou direitinho com o propósito da empresa criada pela carioca Tais Baptista, 33 anos. O termo do universo da moda foi utilizado por ela para inspirar a criação da Preta Porter, marca de cosméticos que fundou em Santa Cruz, periferia do Rio de Janeiro, para oferecer produtos prontos e específicos para mulheres negras e de cabelos crespos.

Misturando ingredientes que costumam ser utilizados por pessoas com fios de textura crespa (de curvaturas 4A, 4B e 4C), ela juntou manteiga de karité, óleo de coco, óleo de abacate, entre outros ativos para compor o portfólio de seus produtos. Parte das embalagens contam com pedras sintéticas que imitam gemas preciosas e são coladas manualmente para dar um tom glamouroso aos frascos.

A gestão da marca representa um capítulo a mais na identificação de Baptista com a França e com o empreendedorismo. Antes de ter a própria empresa, ela se graduou em Letras com Francês na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Filha de uma empregada doméstica, ela precisou contar com uma “vaquinha” entre amigos para custear sua ida à cidade francesa de Nice, para um intercâmbio cultural durante a graduação.

Foi em solo francês, há 10 anos, que a empreendedora teve contato com produtos capilares feitos para cabelos iguais aos seus. “Quando eu cheguei lá, me deparei com linhas específicas para cabelo crespo e me perguntei por que o Brasil não entregava aquela excelência para mulheres negras”, lembra. “Voltei com a mala cheia daqueles produtos e de muitos sonhos.”

Tais Baptista é moradora de Santa Cruz, bairro periférico do Rio de Janeiro — Foto: Rovena Rosa | Agência Brasil
Tais Baptista é moradora de Santa Cruz, bairro periférico do Rio de Janeiro — Foto: Rovena Rosa | Agência Brasil

De volta ao Brasil, Baptista decidiu conciliar o trabalho como professora — que mantém até hoje — com o de empreendedora, passando a revender cosméticos de outras marcas voltados para mulheres negras. Só em 2020, com tempo sobrando entre as aulas remotas que ministrava, ela percebeu que poderia dar um passo além do que fazia e desenvolver seus próprios produtos.

“Eu pensei: ‘não vou esperar grandes marcas me enxergarem com importância e fazerem coisas para mim. Vou criar minha persona, que é uma mulher negra retinta, e essa mulher vai ter acesso a esses produtos’”, diz a carioca.

Investimento

Para começar, ela reuniu todas as suas economias, R$ 30 mil, e fez o investimento inicial na Preta Porter. O primeiro produto — um ativador de cachos desenvolvido de forma terceirizada em uma fábrica na capital paulista — foi apresentado e testado no próprio bairro de Santa Cruz. “Coloquei um pouquinho do produto na bancada de cada cabeleireiro.”

Depois, a empresa passou a vender uma linha completa, com shampoo, condicionador, ativador de cachos, spray de brilho e óleo capilar. De acordo com Baptista, os itens são vendidos presencialmente e via internet por valores a partir de R$ 9,90. As vendas rendem à empresa um faturamento médio mensal de R$ 3 mil.

Cosméticos são fabricados em São Paulo e em Salvador — Foto: Reprodução | Instagram
Cosméticos são fabricados em São Paulo e em Salvador — Foto: Reprodução | Instagram

No momento, ela conta que zerou o estoque de produtos e se prepara para lançar um novo lote, com opções maiores de embalagem, mirando os salões de beleza. Sem divulgar valores, ela comenta que está em diálogo com um investidor para ampliar a produção. O investimento devem impulsionar a fabricação em São Paulo e também na Bahia, com incorporação de ingredientes como quiabo e cana-de-açúcar aos produtos.

Edtech

À rotina de gestora e professora, Baptista também adicionou o trabalho como palestrante e tem viajado para falar sobre temáticas de empreendedorismo feminino. A gestora, porém, não quer parar por aí. Ela deseja mudar o porte da empresa para microempresa (ME), elevando a capacidade de faturamento para R$ 360 mil, e tornar a Preta Porter uma edtech, para oferta de formação profissional na área da beleza. “Quero lançar o Preta Porter Academy e formar especialistas em cabelos crespos e cacheados”, planeja.

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