Quando a pandemia teve início, a Dobro, foodtech de suplementos à base de plantas para a prática de esportes, fazia 90% das vendas no varejo físico e viu o faturamento cair para R$ 11 mil mensais. De olho no mercado de nutrição esportiva, os fundadores Victor Comper e Pedro Chuluck conseguiram reerguer o negócio e faturar R$ 40 milhões em 2024, apostando em produtos como gel de carboidrato, gel de nitrato e outros suplementos energéticos. Agora, a startup está pronta para entrar em novas categorias e testar outros formatos.
Uma das novidades para 2025 é a abertura de uma loja física em São Paulo, no formato pop-up, dentro da Running Land, em frente ao Parque Ibirapuera. O espaço tem inauguração prevista para abril e os clientes poderão conhecer os produtos, comprar itens com desconto e beber shakes com proteína que serão feitos na hora. A ideia é testar o modelo por, pelo menos, três meses, promovendo o encontro da comunidade de clientes.
A história da Dobro surgiu em 2018, quando Comper cursava administração na Fundação Getulio Vargas, em São Paulo. Em uma viagem aos Estados Unidos, ele conheceu as barrinhas energéticas e ficou surpreso com a praticidade, uma vez que a dieta dos universitários costumava se basear em bebidas energéticas, café e snacks. Quando chegou a hora de desenvolver o trabalho de conclusão de curso (TCC), decidiu criar uma empresa de barrinhas para dar energia e matar a fome de forma prática, com ingredientes como café, tâmara e pasta de amêndoa.
Startups:
O negócio teve início ao lado de Pedro Chuluck, com R$ 100 mil de investimento. “Era ‘paitrocínio’, fomos muito no bootstrapping, nem sabia o que era equity. Fizemos um primeiro lote de 3 mil barrinhas e lançamos em uma feira para novos empreendedores”, relembra o CEO. Como perceberam que o público não sabia o que eram barras energéticas, investiram nas de proteína e fizeram o corpo a corpo em empórios para divulgar o produto. No primeiro ano, faturaram R$ 1,5 milhão e, em 2019, decidiram que valia se dedicar 100% ao negócio.
Em 2020, porém, a Dobro foi impactada pela pandemia de Covid-19. Em março, mês do início do lockdown, a empresa faturou apenas R$ 11 mil. “Não tínhamos capital, 90% das vendas vinham do varejo, nosso site não era bom. Ou a gente mudava o modelo ou quebrava. Pegamos o Pronampe para tentar sair da fossa e entramos no segmento de suplementos”, conta.
Segundo Comper, a startup conseguiu um empréstimo de cerca de R$ 80 mil, capital que foi destinado a pagar fornecedores e investir na produção de novos SKUs, acompanhando a demanda crescente por suplementos pré e pós-treino.
No fim daquele ano, a Dobro lançou o gel natural de carboidrato – usado para repor a energia rapidamente após exercícios físicos intensos –, surfando no início da onda da corrida no Brasil. “Fechamos parcerias com influenciadores digitais na permuta, vendendo o sonho de que ajudariam uma empresa a se reerguer e eles entenderam, gostaram do nosso produto e viram verdade na marca”, diz. Hoje, o time de parceiros conta com mais de 220 pessoas, incluindo atletas olímpicos e paralímpicos.

Com produção terceirizada e baseada em estudos apresentados por um time de pesquisadores e nutricionistas, a Dobro tem 58 produtos no portfólio, entre barrinhas, géis e suplementos. Agora, a startup está entrando no segmento de bebidas, com o desenvolvimento de um energético e um isotônico natural em lata. “Não são produtos nichados para corredores. Podem ser bebidos durante o trabalho ou após a prática de qualquer esporte. O brasileiro já está acostumado com essa categoria de produtos e queremos trazer um item acional, sem açúcar, com foco em inovação e sustentabilidade”, aponta.
Comper acredita que os produtos têm potencial para estar entre os mais vendidos da Dobro. O lançamento deve acontecer neste ano – o isotônico ainda está em fase de testes de estabilidade para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A estimativa é faturar R$ 50 milhões em 2025. “Não queremos ser ambiciosos, entendemos que o custo dos alimentos afeta o poder aquisitivo dos brasileiros, que gera diminuição no uso dos suplementos, então temos uma projeção pé no chão para esse ano”, pontua.

Os produtos da Dobro estão presentes em 1,5 mil pontos de venda pelo Brasil, com maior destaque para Sul e Sudeste, em players como Decathlon, Centauro, farmácias do grupo RD Saúde e Drogaria Araújo. Segundo o CEO, o faturamento é dividido entre o e-commerce e o varejo offline.
Apesar de já ter atingido o ponto de equilíbrio, a Dobro pretende captar investimentos para acelerar o crescimento. “Temos conversas com fundos interessados, mas não estamos em negociação com ninguém. Queremos entender os próximos passos da empresa, o mercado ainda está estranho. Não temos pressa, vamos no nosso pace”, conclui.