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Ele começou negócio de comida mexicana com R$ 800 e deve faturar R$ 1,8 milhão até dezembro

Fonte: Redação

Oito anos atrás, no Rio de Janeiro, Lucas Brouck, 31 anos, fazia mestrado em Biomedicina, na área de gestão em saúde pública. Queria ser cientista. Ao recepcionar uma amiga recém-chegada ao Brasil, não encontrou um restaurante mexicano do jeito que a visitante queria: sem atendimento em salão, com clima descontraído e cardápio que seguisse uma linha de “comida de rua”, algo mais comum no exterior.

O então estudante de 23 anos percebeu ali uma oportunidade para empreender. Sem experiência prévia com alimentação, investiu R$ 800 para montar uma food-bike e participar de feiras gastronômicas. Ali nascia a Jalapeño e vinha também a concretização de um sonho: ter um restaurante. Hoje instalado no bairro de Taquara, zona oeste da cidade, a casa tem faturamento superior a R$ 1 milhão.

“Quando criança, cozinhar era a minha verdadeira paixão. Minha mãe diz que cozinha por minha causa, porque eu queria brincar de fazer bolo. Isso veio comigo; é um hobby que virou trabalho”, diz.

No primeiro evento de que participou com a food-bike, a empresa ainda nem tinha constituído CNPJ. Brouck comprou os insumos no cartão de crédito, torcendo para vender tudo e, assim, ter condições de pagar a fatura. Durante um ano e poucos meses, os eventos itinerantes foram o palco de suas vendas.

Seu modelo de negócio se resumia ao “monte seu burrito”. “Era um ‘Subway’ do mexicano nas feiras cariocas. O cliente podia escolher entre 3 opções de proteína, algumas saladas, molhos e os carboidratos base que eram — e ainda são — arroz com limão e coentro e frijoles, um feijão bem cremoso e tempero tipicamente mexicano”, diz.

Negócios de alimentação:

Manter as raízes culturais e gastronômicas da culinária tex-mex sempre foi o mote da Jalapeño. O intuito atualmente é seguir a receita o mais original possível, diferentemente de outras marcas, que adaptam os pratos de outros países para alinhá-los ao paladar do brasileiro.

O cardápio disponível hoje é bem parecido com o do início. O porco barbacoa, por exemplo, é exatamente o mesmo desde o primeiro dia. Os best-sellers são os burritos (a partir de R$ 27,90), prato tradicional da culinária tex-mex, que consiste em uma tortilla de farinha de trigo macia, recheada com ingredientes diversos.

Na versão da Jalapeño, são servidos com arroz com limão e coentro, feijão refrito, pico de gallo (similar a um vinagrete), sour cream, alface, queijo e proteína à escolha do cliente. Outro destaque é o taco, com duas versões: crispy (crocante) ou soft (macia), uma espécie de tortilla de milho. “Vendemos mais de 1 mil burritos por mês. Nos dias de taco em dobro, chegamos a vender 100 tacos por dia”, revela Brouck.

Um negócio escalonável

No primeiro ano de atividades, o empreendedor teve de conciliar a rotina com a universidade. Às quartas e quintas-feiras, saía das aulas e passava nos mercados para comprar a insumos para as feiras gastronômicas, que aconteciam de sexta a domingo. Com a demanda aumentando, recorreu ao Ceasa, centro de abastecimento de alimentos, onde adquiria caixas de tomate e abacate e sacos de cebola.

Todo o preparo acontecia na cozinha da mãe e, para guardar os alimentos, precisou adquirir um freezer horizontal. Depois, de um fogão industrial. Até um canto da varanda da casa virou depósito. Chegou o momento em que a mãe pediu, educadamente, que o filho encontrasse outro lugar para cozinhar, após 10 meses de operação ali.

Foi quando ele alugou uma casa de vila em Taquara, o que consumiu todas suas economias. Os investimentos foram feitos conforme as necessidades apareciam, mas só a obra inicial para adequá-la às normas de segurança alimentar custou em torno de R$ 15 mil.

Poucos meses depois, resolveu monetizar o espaço e começou a oferecer delivery. Paralelamente, as taxas de participação nos eventos começaram a pesar. “Várias vezes íamos a feiras que davam prejuízo porque a taxa de participação era alta, chovia muito no dia e não vendíamos nada. Essa incerteza foi um fator chave para ir para o delivery”, revela.

A chegada de sócios

Gustavo Romano e Flávio Bittencourt entraram na sociedade a partir desta fase. Brouck começou a Jalapeño com uma amiga da faculdade, que acabou seguindo carreira na área de formação e mudou de país. Ao apostar no delivery, ele convidou Romano para ser seu sócio. Bittencourt chegou depois, quando demonstrou interesse em abrir um negócio na área de alimentação e também foi convidado.

“Hoje nos dividimos entre operação de loja, fábrica e franqueadora: Flávio na parte administrativa e financeira, Gustavo na parte operacional e eu fazendo valer nossa visão”, diz o idealizador da Jalapeño.

Apesar de as feiras terem sido deixadas de lado e o delivery ter se tornado o foco do negócio, a empresa se deparou com um grande desafio: o conceito de montar o próprio lanche não era adequado ao serviço de entregas.

“Decidimos usar o mesmo formato das feiras dentro dos aplicativos, mas não deu certo. Com isso, começamos a ter um faturamento menor do que o esperado. Naquela época, eu ainda fazia mestrado e aplicava toda a minha bolsa de R$ 1,5 mil no restaurante, tentando reverter a situação”, diz o empreendedor.

Sem conseguir pagar os custos fixos, pensou em fechar o empreendimento. Em fevereiro de 2018, Lucas pausou o funcionamento da Jalapeño por duas semanas, para se reerguer, pensar em novos caminhos e reestruturar o cardápio.

Quando retomou as atividades, o cenário mudou. Por ser o único empreendimento com o conceito tex-mex na região, o público começou a crescer e as vendas aumentaram. No início, a empresa trabalhava apenas com o Uber Eats, pelo modelo de logística do negócio. Com a melhora, aderiu ao iFood e, um ano e meio depois, tornou-se parceiro exclusivo.

A loja física

Chegou ao ponto que o espaço físico não era mais só uma possibilidade, como uma realidade necessária para a marca. Pensando no crescimento do negócio no médio e longo prazo, os sócios toparam a ideia. A primeira loja foi inaugurada em 2022, também na Taquara.

A aposta é no conceito de fast-casual, o meio do caminho entre um fast-food e um restaurante mais formal. Com isso, a Jalapeño oferece serviço direto no balcão, mesas na calçada e seis lugares de balcão dentro do espaço, além de delivery e retirada.

O investimento inicial foi de R$ 70 mil, num espaço de 32 m², que já foi idealizado de olho na futura expansão pelo formato de franquias. A loja foi projetada para ser enxuta e ter foco no delivery e no autoatendimento, mostrando aos futuros franqueados como é o negócio com custos reduzidos de obra e equipe.

“Hoje, a nossa loja modelo tem 4 funcionários, o que é uma das vantagens competitivas. A empresa, como um todo, entre loja, fábrica e franqueadora, tem 6 funcionários e os sócios trabalhando ativamente”, diz Brouck.

Franquias baratas:

50 lojas em 5 anos

A Jalapeño começou faturando R$ 56 mil ao mês e hoje tem uma receita de R$ 100 mil mensais. Desde fevereiro, está formatada para o franchising. A expectativa de abrir 5 lojas no primeiro ano, representaria um faturamento da rede de R$ 6,8 milhões.

“Em 2022, nossa loja teve um crescimento de aproximadamente 80% entre janeiro e dezembro. Viemos numa crescente muito boa e esperamos melhora em 2024. Nosso faturamento vai ultrapassar R$ 1,5 milhão. A expectativa é que chegue a R$ 1,8 milhão ainda neste ano”, prevê Lucas.

Até 2029, a intenção é ter 50 lojas da Jalapeño abertas. Inicialmente, tem planos de expansão pelo Rio de Janeiro. “Queremos conquistar novos espaços, ir para Zona Norte, como a Tijuca, e para a Zona Sul, como Botafogo”, cita o idealizador.

No ramo do franchising, a empresa prevê um faturamento mensal de R$ 110 mil, com prazo de retorno do investimento em 16 meses. O investimento inicial começa em R$ 200 mil, com taxa de franquia de R$ 30 mil e capital de giro também de R$ 30 mil. São 5% de royalties e 2% de taxa de marketing. Exige-se o espaço mínimo de 35 m² e, pelo menos, 4 funcionários.

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