O equatoriano Luis Loaiza conheceu o Brasil em 2015 e percebeu um grande potencial para empreender no país. Foi neste ano que ele cofundou a Shippify, logtech que nasceu em Belo Horizonte (MG). Dez anos depois, ele se prepara para trazer a sua segunda startup para o país: Jelou.ai, de agentes de inteligência artificial.
Atualmente, a logtech já opera em mais de 100 cidades brasileiras e atende grandes redes, como Petz, Magalu, Natura, Kopenhagen e Riachuelo, além de ter uma parceria logística com a Amazon. Com as conexões criadas com a Shippify, o fundador pretende inserir a sua outra startup no Brasil por meio de um nicho específico de clientes: os entregadores.
“Queremos impactar a gig economy porque os motoristas usam muito WhatsApp e querem estar conectados com os seus bancos e com todas as tarefas do dia a dia. Vai ser um nicho importante”, comenta.
A Jelou.ai nasceu em 2017 como chatbot para bancos integrado ao Facebook Messenger. A tecnologia permitia fazer perguntas, abrir conta bancária e solicitar crédito. “A gente demonstrou que os bancos poderiam fazer transações em aplicações de mensageria e logo começamos a expandir”, relembra. Além do Equador, a startup opera no México, Colômbia, Peru e Panamá.
Startups:
Em três anos, a startup atingiu a marca de US$ 1 milhão de receita anual recorrente e, atualmente, o time soma cerca de 110 pessoas. Com o avanço da inteligência artificial nos últimos anos, a Jelou.ai se concentrou na criação de agentes de IA para que negócios consigam entregar serviços digitais para os clientes por meio de plataformas conversacionais. A startup participa do movimento que prevê o fim do uso dos aplicativos em um futuro próximo, substituídos por agentes integrados às plataformas de conversação que já fazem parte do dia a dia das pessoas, como o WhatsApp.
“Conhecemos diferentes iniciativas no Brasil, sabemos que vocês estão muito mais avançados financeiramente, com Open Finance e Pix. Isso somado ao uso do WhatsApp cria um ecossistema interessante. Queremos prover essa plataforma para lojas e bancos integrarem IA ao WhatsApp”, afirma.
A startup vai aproveitar uma captação Série A com o braço de venture capital da Wellington Management e Krealo, corporate venture capital do grupo financeiro peruano Credit Corp, para investir na entrada no Brasil, onde já busca por clientes e equipe – a previsão é iniciar a operação entre janeiro e março de 2026. A rodada ainda está aberta e, no primeiro closing, levantou US$ 7 milhões (R$ 38 milhões).
A Jelou.ai integra a delegação equatoriana, que participa pela primeira vez da Expand North Star, conferência para startups realizada entre os dias 12 e 15 de outubro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos (EAU). Liderada por Gisela Montalvo, diretora da Câmara de Inovação e Tecnologia do Equador, a comitiva reúne 20 empresas, em sua maioria startups, que buscam mostrar o potencial tecnológico do país e fortalecer conexões internacionais. Segundo Montalvo, o novo governo tem estreitado relações com os Emirados Árabes Unidos, e o setor privado acompanha o movimento para criar alianças e atrair investimentos.
Loaiza diz que o ecossistema local está em crescimento, com startups buscando consolidações por meio de M&As em outros países da América Latina. Entre os nomes de maior projeção está a Kushki, fintech que se tornou o primeiro unicórnio equatoriano, em 2022.
“O Equador é muito pequeno, mas tem empreendedores com olhar global. Temos que fundar a startup pensando para fora, em resolver problemas de toda a região. Temos poucos recursos, mas isso faz com que a gente tenha muita fome [de fazer acontecer]”, declara o empreendedor.
*A jornalista viajou a convite do Dubai World Trade Centre.