Quando algumas startups atingem maturidade e escala no Brasil, o próximo passo almejado é levar a operação para outros países. Mas esse salto pode se apresentar como um grande desafio para quem empreende.
A internacionalização de startups foi tema do painel “Going Global: from LatAm to the world” (Tornando-se global: da América Latina para o mundo), com Ariel Arrieta, cofundador da gestora NXTP Ventures, no primeiro dia de Web Summit Rio (16/4), mediado por Mariana Iwakura, editora-chefe de Pequenas Empresas & Grandes Negócios. A cobertura do Web Summit Rio 2024 na Editora Globo é apresentada por Senac RJ e Itaú.
Na opinião do investidor, a globalização não é para qualquer um: depende do problema que a empresa resolve com o seu produto ou serviço e do modelo de negócios. Ele citou como exemplo a brasileira Cobli, de controle de frota de caminhões. Como o problema já é endereçado em outros países por negócios diferentes, ele afirma que o melhor a fazer é observar e aprender com essas startups para saber o que é possível implementar localmente.
No caso de não haver outras startups maduras entregando o mesmo serviço, o importante é validar a ideia no país de origem antes de pensar em globalizar. “Existe um apetite para crescer, mas é preciso dar tempo. Você precisa ter certeza de que a empresa está crescendo, que a proposta é válida e que será útil em outros mercados”, declarou.
Arrieta ressalta que, apesar de muitos fundadores latino-americanos pensarem na América do Norte quando cogitam a internacionalização, é importante não descartar outras possibilidades. “Existem mais similaridades com países da América Latina e do Sudeste Asiático, onde se enfrentam problemas parecidos”, comentou.
Startups:
O investidor também acrescentou que os gestores de fundos de venture capital estão focados em oportunidades na América Latina, de olho em startups com potencial de escala para unicórnios. Segundo Arrieta, os melhores retornos sobre investimento vêm das startups locais que se tornam globais.
Expandi, e agora?
Arrieta deu uma dica importante para pessoas fundadoras que escalam suas operações para outros países: a cultura da empresa deve ser prioridade. “É a única forma de crescer: delegar e ter controle sobre o que acontece na sua empresa”, opinou.
Ele sugere que a equipe seja local, com autonomia para o trabalho, mas que os times contem com uma pessoa enviada da operação inicial para ser um ponto de contato. A estratégia deve ir além dos números e planilhas, passando também pela comunicação. “Se você tem uma boa cultura, você perpetua o propósito da sua empresa, ainda que a estratégia não seja tão boa. Determine os objetivos e expresse a cultura de forma que todos possam entender”, finalizou.