Cosplayer desde o ano 2000, o empreendedor Marcelo Fernandes, conhecido como Vingaard, viu a oportunidade de abrir sua própria empresa no ramo, a Cosplay Art, em 2017. O insight veio após ele ser contratado por grandes eventos, como o Rock in Rio, para montar equipes de cosplayers e perceber que a informalidade era muito grande no segmento.
“Muitas vezes é um hobby, não tem um MEI [Microempreender Individual] e não consegue emitir uma nota fiscal. Para uma empresa contratar, é necessário contrato e emissão de nota fiscal. Minha empresa contrata um cosplayer e faz o agenciamento”, disse, durante sua palestra no Gramado Summit, evento de inovação e empreendedorismo que aconteceu em Gramado (RS) entre os dias 10 e 12 de abril.
Antes de pensar em empreender na área, Fernandes, que é formado em direito, participou de concursos internacionais. Em 2007 chegou a representar o Brasil no World Cosplay Summit, no Japão. “Aproveitei para fazer marketing pessoal e networking. Tive a oportunidade de participar de vários eventos ao redor do mundo e no Brasil. Era convidado a julgar, palestrar e participar de concursos”, diz.
Ele se enveredou para a área de eventos definitivamente em 2017, e ajudou a formatar o concurso de cosplayers na CCXP, que acontece na cidade de São Paulo anualmente. Hoje, o empreendedor também atua como executivo de parcerias da Campus Party.
Durante o painel, Fernandes enumerou algumas vantagens e desafios de se empreender com cosplays no Brasil. Entre as vantagens, ele cita que os profissionais trabalham com personagens conhecidos, são responsáveis pelo próprio figurino ou maquiagem (ou contratam um cosmaker, que é especializado na produção), costumam ser desenvoltos e “amam o que fazem”.
Direitos autorais
O tópico de direitos autorais ganhou um destaque especial do empreededor, pois ainda é uma questão delicada, de acordo com ele. “Explicamos para a empresa [contratante] que não pode usar um personagem sem uma autorização prévia”, diz.
No entanto, grande parte dos trabalhos feitos pela Cosplay Art é para estúdios que detêm a licença. Um dos exemplos apresentados por Fernandes durante o painel foi realizada com personagens de Star Wars, para um evento da Disney.
“Está em uma zona cinza. Fomentar a cultura da prática de cosplay é importante para estúdios e marcas. O que eu posso dizer é que é bem-visto [por detentores de direitos], em geral, sendo considerado uma homenagem à obra original”, afirma.
Oportunidades
O empreendedor elencou algumas oportunidades para quem pretende empreender no mercado brasileiro de cosplay:
- Participação em concursos;
- Cosmaking para cosplayers e empresas;
- Jobs em ativações e estandes;
- Jobs como sósia ou personagem vivo;
- Participação em eventos e/ou parcerias com empresas;
- Criação de conteúdo on-line ou streaming monetizado;
- Fotografia especializada em cosplay.
Um dos desafios para conseguir aproveitar essas oportunidades, na visão deles, é que cosplayers precisam ser carismáticos e ter boa desenvoltura com o público. “Aquele profissional tem que ser o personagem para crianças e adultos que eventualmente vão interagir. Não pode quebrar o encanto”, diz.
Da mesma forma, quem for empreender agenciando cosplayers precisa entender que o hobby passa a ser um trabalho. Dessa forma, os profissionais precisam receber treinamentos sobre como devem agir e se portar de forma profissional, de acordo com o evento para o qual foram contratados. Também é importante buscar prover segurança para os profissionais agenciados. “Infelizmente há muitos casos de assédios, sobretudo com mulheres”, afirma.