Como a Fórmula 1 movimenta os negócios do entorno de Interlagos

Fonte: Redação

A edição de 2025 do Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, que acontece neste fim de semana, promete acelerar também a economia paulistana. O Observatório de Turismo e Eventos da SPTuris, indica que o impacto econômico esperado é de R$ 2,1 bilhões a R$ 2,2 bilhões, acima dos R$ 1,96 bilhão registrados em 2024.

No ano passado, o gasto médio dos turistas foi de R$ 4.648,67, e a estimativa é que 100 mil pessoas marquem presença por dia no evento, que é realizado no Autódromo José Carlos Pace.

Segundo a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), os polos gastronômicos de Jardins, Moema e Itaim, todos na zona sul paulistana, devem registrar aumento de até 30% no movimento durante o fim de semana da corrida. Em Interlagos, onde o autódromo está localizado, o efeito é ainda mais evidente, com impacto para os estabelecimentos da região.

Na avenida Feliciano Correia – entre a estação de trem Autódromo e o Portão G do evento – o empresário Paulo Alexandre Baquette, 49 anos, se preparou para um fim de semana de alto movimento. Dono do Le Baquette, inaugurado em 2016, ele já está acostumado com o impacto da corrida.

Alexandre Baquette, chef e proprietário do Le Baquette — Foto: Acervo pessoal
Alexandre Baquette, chef e proprietário do Le Baquette — Foto: Acervo pessoal

“Durante os dias da Fórmula 1, o acesso dos nossos clientes habituais é dificultado pelas interdições, mas aproveitamos para atender o público que está a caminho do autódromo. O impacto é definitivamente positivo, as vendas costumam crescer consideravelmente neste período”, afirma. Em 2022, o restaurante chegou a contratar um DJ para animar o público. “Para o ano que vem, estamos programando música ao vivo”, diz Baquette.

Durante o evento, o aumento nas vendas chega a 100%. Para dar conta, o restaurante, ponto de encontro de torcidas organizadas como Placa dos 100, Pisa Fundo e P7, reforça o estoque e dobra o número de funcionários, com contratações temporárias. “Em um fim de semana comum vendemos duas caixas de cerveja. Na Fórmula 1, são de 70 a 80 caixas em apenas três dias”, conta. Cresce também a procura por refeições rápidas, como porções e petiscos.

Inaugurada em janeiro deste ano, a Rotisserie Avelar também espera aumento na receita: o fundador, Gabriel Avelar Gomes, 33 anos, estima um crescimento de 20% nas vendas durante o fim de semana da corrida.

“Há mais gente transitando a pé, o que ajuda. Mas os bloqueios de trânsito interferem e são um problema”, diz. Segundo ele, o público costuma fazer paradas rápidas, com consumo médio em 20 minutos. “Vendemos mais bebidas e doces”, acrescenta.

Avelar, que começou o negócio atendendo eventos particulares antes de abrir a loja física, conta que não fez nenhuma preparação especial para o fim de semana da corrida. “Se for preciso, faremos apenas reposições pontuais”, comenta.

A chef Lourdes Avelar, da Rotisserie Avelar — Foto: Acervo pessoal
A chef Lourdes Avelar, da Rotisserie Avelar — Foto: Acervo pessoal

Outro negócio novo na região é o Espeto Show, inaugurado há cerca de um mês sob nova direção. De acordo com a empreendedora Pamela Paiva, 28, o estabelecimento ficou fechado por um ano e este é o primeiro grande evento no autódromo que ela vivencia.

Na sexta-feira (7/11), primeiro dia dos treinos, o estabelecimento teve uma boa procura, com venda de bebidas e combos de espetinhos com acompanhamentos. “Duplicamos o estoque e espero um faturamento três vezes maior do que em outros finais de semana”, afirma.

Já o Coração de Ouro, localizado próximo a Avenida Interlagos, abriu em 2021 e, ano após ano, o proprietário Alex Yamamoto, 27 anos, notou um crescimento no fluxo de clientes. Ele espera um aumento de 50% a 70% no movimento durante o almoço durante os dias do evento.

Apesar de ser palco para outros eventos ao longo do ano, como os festivais de música Lollapalooza e The Town, o fim de semana da Fórmula 1 é o que mais impacta os números dos estabelecimentos do entorno. “Nos festivais, o público chega aos poucos, ao longo do dia, dependendo do line up de artistas. Já a Fórmula 1 acontece às 14h, e há dois picos de movimento: antes da corrida e depois, com vendedores ambulantes e motoristas de aplicativo”, afirma Yamamoto.

Ambiente do Coração de Ouro na tarde de sexta-feira (7/11) — Foto: Divulgação
Ambiente do Coração de Ouro na tarde de sexta-feira (7/11) — Foto: Divulgação

Ele explica que o cardápio do seu restaurante é adaptado à pressa dos clientes, que fazem fila na porta. “Nesse período, vendemos muito bife e bisteca, porque o pessoal quer coisa rápida e barata. Esperamos vender entre 110 e 160 pratos por dia — normalmente vendemos entre 40 e 70.” O restaurante reforça o preparo antecipado e contrata freelancers para dar conta da demanda.

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