Experiência personalizada para os assinantes e curadoria minuciosa de produtos de beleza de mais de 100 marcas parceiras, entre elas Natura, L’Occitane au Brésil, Braé, Sallve e Bruna Tavares, aliados ao uso de uma inteligência artificial proprietária que analisa e aprimora dados. Esses são os pilares apontados pela cofundadora da Box Magenta, Natasha Romaszkiewicz, quando conta o que faz o sucesso do clube de assinatura, que faturou R$ 24 milhões no ano passado.
Fundada em 2019, na cidade de Campinas, interior de São Paulo, a empresa nasceu do desejo de Romaszkiewicz de revolucionar o mercado da beleza no Brasil. Ela, que atuava como criadora de conteúdo desse nicho desde 2014, se uniu aos sócios Diego Rocha e Lucas Piscello Cosme para idealizar o modelo de negócio. Para a abertura da beautytech, o trio fez um investimento com capital próprio de R$ 120 mil.
“Fizemos Unicamp [Universidade Estadual de Campinas]. Fiz o curso de gestão de comércio internacional, os meninos fizeram ciência da computação. Sabíamos que o mercado de beleza era gigante e com um superpotencial. E, naquele momento, víamos que fora do país tinham vários clubes de beleza e resolvemos unir as nossas habilidades. A minha parte de amar beleza, testar os produtos e conhecer as marcas e o Diego e o Lucas com a parte de tecnologia”, conta.
Durante a criação da empresa, o cofundador da Box Magenta Diego Rocha lembra que a existência de outros clubes no mercado nacional e internacional fez com que o trio buscasse trabalhar nos diferenciais da marca, especialmente na preocupação com a experiência do cliente. Diante dos desafios, ele destaca que a ideia era ser mais que uma caixa com produtos de beleza dentro. “Queríamos ter com os gostos e preferências dos assinantes.”
“Beleza é algo muito pessoal, e conseguir produtos que são de alta qualidade é difícil. No Brasil, somos bastante exigentes com itens de beleza, até porque tem muita marca legal, né? Queríamos fazer sentido para as pessoas, que elas não recebessem produtos aleatórios”, explica.
Em poucos anos de operação, o negócio ampliou os horizontes e ultrapassou os limites da sala da casa de um dos fundadores, onde o trio fazia o trabalho de organização e distribuição dos pedidos. Atualmente, o clube de assinatura de beleza possui 15 mil assinantes.
Com valores entre R$ 149,90 e R$ 169,90, a empresa oferece três planos de assinatura: mensal, semestral e anual. A cada mês, os consumidores recebem uma caixa com cinco produtos em tamanho real (full-size), distribuídos entre categorias como cabelo, skincare e maquiagem. A cofundadora da beautytech reforça que toda curadoria é composta por marcas ambientalmente responsáveis e produtos cruelty-free (livre de crueldade animal).
Funcionamento da IA
Segundo Rocha, a Box Magenta utiliza IA para classificar os itens do catálogo, cruzar essas informações com os perfis dos assinantes e entregar as combinações finais. Nesse processo, a tecnologia analisa mais de 250 bilhões de possibilidades para encontrar a melhor seleção para cada cliente.
“Esse time de curadoria tem todo o trabalho de classificar cada produto a partir de milhares de dados. As nossas ferramentas de inteligência artificial usam isso como entrada para tomar a decisão. Ou seja, a nossa IA é mais focada em otimização, porque o que a gente quer é conseguir encontrar a melhor combinação de cinco produtos para os assinantes de acordo com o nosso portfólio”, acrescenta.
A cofundadora também pontua que a experiência personalizada começa no cadastro do assinante, que preenche o perfil de beleza com informações acerca do tom da pele, cor do cabelo e aroma favorito, entre outras. Outro destaque, de acordo com a empresária, é a escuta e análise dos feedbacks mensais deixados pelos consumidores na plataforma.
“A gente vai tornando as experiências ainda melhores com os feedbacks da nossa base de assinantes. Com isso, aprimoramos as regras da nossa tecnologia para oferecer uma combinação mais interessante, como o envio de dois produtos que funcionam melhor juntos do que separados”, declara.
O envio da caixa é programado com base em regras que consideram, por exemplo, a finalidade e o tempo médio de uso dos produtos. A medida busca evitar desperdício, acúmulo e repetição de itens. Todo o processo é realizado no centro de distribuição da empresa em Campinas, que despacha anualmente mais de 1 milhão de produtos.
O clube de assinatura ainda fornece revista mensal com conteúdos exclusivos, programa de pontos para que os assinantes possam resgatar produtos extras, descontos em marcas parceiras e brindes especiais.
Diversidade
Com foco na promoção de uma beleza diversa e acessível, a empresa preza pela ampliação da oferta de produtos no catálogo, bem como a parceria com empresas novas no mercado. “Nosso time de curadoria está sempre em busca de marcas novas, de produtos, lançamentos das nossas marcas parceiras. E somos muito rigorosos com as marcas que entram na Box Magenta. Elas têm que ter muita qualidade, independente de ser uma marca super consolidada ou uma marca nova”, enfatiza a cofundadora.
Rocha também reforça o compromisso da empresa com a acessibilidade dos produtos: “Não vamos ter um produto que seja super caro dentro da nossa assinatura, porque a nossa ideia é realmente tornar cada vez mais a beleza acessível. Então, trazemos produtos que são acessíveis para as pessoas, não só adquirirem com a gente, mas também fora, diretamente com a marca”.
Expansão da receita
Os cofundadores da Box Magenta projetam atingir R$ 45 milhões de faturamento deste ano. Para alcançar o resultado, eles focam no desenvolvimento de novas fontes de receita e parcerias com outras marcas, além de criar mais benefícios para os assinantes, como a venda de caixas avulsas e brindes surpresa.
“Temos inúmeros projetos que estamos tocando agora para conseguir chegar lá, desde marketing e comunicação até a melhoria da retenção de assinantes”, afirma Rocha. Sem dar detalhes das ações, o cofundador ressalta a importância da jornada do cliente e a preocupação da marca em buscar ferramentas para inovar nas entrega do produto. “Queremos criar mais coisas interessantes durante a assinatura do pessoal. Então, se o assinante passou seis meses, um ano, dois anos, o que podemos adicionar de diferente nesse período?”, diz
A empresa planeja também lançar um projeto fora do escopo de beleza até o fim do primeiro semestre deste ano. “Temos um milhão de ideias que queremos colocar em prática, mas havia algumas limitações, principalmente no ponto de vista da operação, que já foram sanadas. Queremos lançar mais um canal de receita até o meio do ano”, frisa.