Gabriela e Leandro Tripi começaram um curso de confeitaria em 2015, como um hobby — inicalmente, ele se mostrou mais resistente à ideia de cozinhar doces e preferia os salgados. Porém, as aulas revelaram um talento — e um negócio — promissor. Hoje, o casal comanda a Cakess, confeitaria que vende bolos personalizados e sobremesas na cidade de São Paulo.
O Natal é um dos períodos de melhor faturamento para o negócio, que chega a ser entre 30% e 40% a mais do que em outros meses. Nos dias 23 e 24 de de dezembro do ano passado, a empresa vendeu 250 sobremesas, o que rendeu uma receita de R$ 55 mil. “São os dias que têm mais saída, mas vendemos sobremesas natalinas durante todo o mês para confraternizações de amigos e familiares”, afirma Leandro, de 38 anos. Para este ano, a expectativa é vender 400 doces.
Segundo os empreendedores, o período natalino tem se mostrado mais relevante do que a Páscoa para os negócios. “Ambas as datas são importantes, mas enfrentamos uma concorrência muito maior na Páscoa. Durante a pandemia, muitas pessoas que não eram confeiteiras começaram a vender chocolates como forma de complementar a renda, e muitas continuam até hoje. Isso reduziu nosso faturamento nesse período”, explica Gabriela, 35.
Os dois empreendedores trabalhavam como advogados antes de fundar a Cakess, e decidiram iniciar um curso como uma atividade para fazerem juntos. Apesar de Leandro não ter aprovado a ideia inicialmente, gostou do processo de preparar os doces já nas primeiras aulas. Com o curso finalizado, o casal ficou responsável pelo bolo de aniversário de um familiar.
“Não cobramos dinheiro pelo trabalho, apenas pedimos que comprassem os ingredientes”, diz Gabriela, acrescentando que o confeito recebeu muitos elogios no evento. Então, um amigo de Leandro perguntou se o casal estava aceitando encomendas para vender. O casal enxergou a oportunidade para arrecadar dinheiro — também como forma de custear a cerimônia de casamento que seria realizada dentro de um ano.
“Como advogado, eu era especialista em marcas e patentes, e sabia que tinha que criar um CNPJ e registrar a marca”, diz Leandro, acrescentando que o crescimento do negócio se deu especialmente por divulgação boca a boca. Eles seguiam com seus empregos durante o dia, e à noite preparavam os confeitos.
No final de 2015, o casal foi procurado por uma grande empresa, que realizou uma encomenda de 300 cupcakes. Foi a virada de chave para que eles entendessem que o negócio poderia ser muito maior.
Ao mesmo tempo, Gabriela estava passando por um momento de burnout no escritório. “Eu estava procurando emprego e fazendo entrevistas, mas não consegui”, diz a empreendedora, que optou por pedir demissão em agosto e 2016, três meses antes do casamento. “Decidimos que íamos tentar fazer o negócio dar certo. Caso não fosse pra frente até a volta da lua de mel, eu voltaria a procurar emprego em janeiro de 2017. Mas deu certo e não foi preciso voltar à carreira de advogada”, afirma.
Gabriela se dedicava à produção durante o dia, enquanto Leandro era responsável pelo atendimento e entregas. Porém, conforme o negócio foi crescendo, ele percebeu que também teria que pedir demissão do escritório que trabalhava em 2017. “Mantive alguns clientes fixos que optaram por continuar trabalhando comigo, e não peguei mais casos novos”, afirma.
Em 2019, mais um passo: os empreendedores decidiram que era o momento de ter uma sede própria para o negócio. “Nós não tínhamos mais uma casa para nós. A geladeira estava repleta de bolos e os armários lotados de insumos”, diz Gabriela. Então, iniciaram a busca por um espaço — inaugurado em janeiro de 2020.
“Gastamos todo nosso dinheiro para abrir o espaço, mas continuamos otimistas porque a Páscoa, em abril, nos daria um fôlego no caixa”, diz a empreendedora. Porém, antes disso, a pandemia do coronavírus forçou o negócio a se adaptar.
“Não tínhamos delivery, e fizemos o cadastro nos aplicativos Rappi e iFood. Também contratamos um entregador”, diz a empreendedora, que começou a receber cerca de 50 pedidos por dia. “Acho que a comida, e especialmente o doce, se tornou um afago em um momento difícil. Os clientes começaram a mandar doces de presente para as pessoas queridas.”
Com seis meses de loja, Leandro viu que não seria possível conciliar suas carreiras e parou de trabalhar como advogado.
Em 2022, os empreendedores ampliaram o espaço — com mais um andar — e implementaram cardápio com o brunch de segunda a sábado e almoço executivo de segunda a sexta. Os clientes podem reservar o terceiro andar para pequenos eventos.
“Hoje ainda não temos a parte de viennoiserie, que contempla massas folhadas e croissant. Nosso plano é implementar estes salgados e ter mais opções na nossa vitrine”, adianta Gabriela.