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Balanço do Startup20 no Brasil; Beep Saúde capta R$ 100 milhões: os destaques da semana no ecossistema

Fonte: Redação

Depois de passar por Macapá, Rio de Janeiro e Recife, o Startup20 desembarcou em São Paulo para realizar seu último evento com o Brasil na presidência. PEGN esteve presente e conversou com Ingrid Barth, head do grupo, para saber qual foi o saldo das reuniões lideradas pelo país.

Outro destaque da semana foi a captação de R$ 100 milhões da Beep Saúde, que aproveitou o gancho para anunciar que chegou ao ponto de equilíbrio.

Nesta edição da newsletter, você ainda vai ler sobre os números compilados pela Sling Hub em agosto e o lançamento do primeiro fundo da Sororitê. Também perguntamos a investidores brasileiros o que acharam do texto de Paul Graham, da Y Combinator, em que ele discorre sobre o que chama de “modo fundador” — postado em um blog, o conteúdo gerou debate no ecossistema.

100 Startups to Watch é a newsletter de Pequenas Empresas & Grandes Negócios que leva a você as notícias mais relevantes do ecossistema de inovação.

Startup20

São Paulo (SP) foi a sede do último evento do Startup20, fórum do G20 que discute o ecossistema de inovação e tecnologia. Depois de edições em Macapá (AP), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE), o encontro na capital paulista marcou o fim dos trabalhos do grupo com o Brasil na presidência.

Durante a abertura do encontro, realizado na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP), Márcio França, pontuou que o Brasil precisa de mais startups camelos, que focam em um crescimento sustentável, do que de unicórnios, aquelas que conseguem alcançar um valor de mercado de US$ 1 bilhão.

“Todo mundo fica aguardando que as startups se transformem sempre em um grande unicórnio, mas talvez isso não seja o mais correto. Não há problema em se transformar em empresa de pequeno porte. Não precisamos de tantos unicórnios, precisamos de camelos para gerar mais empregos”, afirmou.

Ingrid Barth, presidente da Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e head do Startup20 no Brasil, considera que o saldo das reuniões no país foi positivo, mas que algumas sementes ainda demorarão a dar frutos. Na opinião dela, um dos destaques da missão foi o interesse das delegações de Arábia Saudita, Turquia, Índia e Estados Unidos pelo ecossistema de inovação nacional.

Para ler a entrevista exclusiva de Barth a PEGN, clique aqui.

Aportes

Beep Saúde. A healthtech de vacinação e exames laboratoriais captou R$ 100 milhões. A rodada foi liderada pelo fundo Lightsmith, de Nova York, com participações de CZI (de Mark Zuckerberg e Priscilla Chan) e Actyus, e de David Vélez (Nubank). A startup anunciou também que alcançou um valuation de R$ 1,2 bilhão e que chegou ao ponto de equilíbrio no início do ano, fechando o primeiro semestre de 2024 com geração de caixa. O capital levantado será direcionado para o desenvolvimento da tecnologia aplicada à logística, com plano de aportar mais de R$ 100 milhões em tech nos próximos dois anos.

AltScore. Com foco em infraestrutura de empréstimos B2B, a startup equatoriana levantou uma rodada Série A de R$ 47 milhões. A ideia é usar o capital para reforçar a presença no Brasil, transformando o país em seu segundo mercado mais relevante. A captação foi liderada pela Haymaker Ventures e teve participação de BuenTrip Ventures, Caffeinated Capital, FarOut Ventures, TechStars e Kamay Ventures. Fundada em 2021, a fintech tem uma plataforma para grandes marcas que desejam oferecer produtos de crédito para PMEs da sua cadeia de fornecimento e atende clientes como Coca-Cola e Arcor.

Yolo Bank. A fintech que utiliza inteligência artificial para prever a inadimplência de estudantes universitários garantiu um pré-seed de R$ 3 milhões com a Marathon Ventures, no primeiro investimento da gestora em um fundador solo. O capital deverá ser direcionado para ampliar o time, com foco em atendimento e tecnologia, especialmente IA.

Os números de agosto

As startups brasileiras captaram US$ 245 milhões em agosto, de acordo com o relatório divulgado nesta segunda-feira (9/9) pela plataforma de dados Sling Hub. O volume aportado registrou uma queda de 76% em comparação com agosto de 2023, mas teve 120% de crescimento em relação a julho.

É válido ressaltar que, em agosto de 2023, duas startups brasileiras receberam aportes de peso, fazendo com que o mês se tornasse um dos períodos de maior investimento no ano passado: o Wellhub (na época, Gympass) levantou US$ 85 milhões em uma rodada Série F, enquanto a fintech Nomad captou US$ 61 milhões em uma Série B.

Os US$ 245 milhões foram investidos em 37 rodadas. A quantidade de deals foi 40% menor do que no mesmo mês de 2023 e 3% maior do que em julho de 2024.

Novo fundo

A Sororitê ampliou o alcance do seu trabalho para além do investimento anjo e anunciou nesta semana o lançamento de um fundo de investimento em participações (FIP), o Sororitê Fund 1. Ainda em fase de captação, o primeiro veículo da Sororitê Ventures deve chegar a R$ 25 milhões – as sócias, Erica Fridman e Jaana Goeggel, não divulgaram quanto já está comprometido com investidores.

Os recursos serão investidos nos próximos cinco anos em até 22 startups que tenham pelo menos uma mulher entre os fundadores. A expectativa é fazer os primeiros aportes ainda neste ano. “A gente tem o objetivo de ser a primeira opção das fundadoras ao buscar um cheque. Nos propomos a estar nesse começo, quando a startup tem menos informações quantitativas e quando a escolha de quem recebe o cheque pode ter muitos vieses”, declara Erica Fridman, sócia-fundadora da Sororitê.

O modo fundador

Nesta semana, Paul Graham, fundador da Y Combinator, publicou em seu blog um texto reflexivo sobre uma palestra de Brian Chesky, cofundador e CEO do Airbnb, que gerou debates no Vale do Silício. O fundador falou para uma plateia repleta de empreendedores sobre como o conhecimento de gestão de empresas está equivocado.

No painel, Chesky disse que recebeu muitos conselhos sobre como deveria gerir o negócio para que ele escalasse. O mais recorrente era sobre contratar boas pessoas e delegar tarefas. O problema é que, diz ele, quando tentou fazer isso, o resultado foi desastroso. “Existem coisas que os empreendedores podem fazer que os administradores não podem, e não fazê-las parece errado para os fundadores”, analisou Graham no blog.

Ele prossegue dizendo que existem duas formas de liderar uma companhia: o modo fundador (founder mode) e o modo gestor (manager mode) e que, até hoje, as pessoas no Vale do Silício assumiram que, para escalar uma startup, era preciso adotar o modo gestor – ou seja, delegar funções, sem se envolver nos detalhes para não derrapar no microgerenciamento.

PEGN conversou com investidores brasileiros para saber se eles concordam com o debate levantado. Para Maria Rita Spina Bueno, da Anjos do Brasil, é importante lembrar que uma startup não é um negócio tradicional. “Existe realmente uma importância enorme de o fundador estar muito conectado com aquilo que é central no negócio dele durante todo o período de escala e poder entender e ouvir diferentes opiniões dentro da empresa”, opina.

Para ela, os dois “modos” são complementares, e, conforme a startup cresce, ela deve adotar certos processos mais tradicionais de gestão. “Acho que o que distingue grandes empreendedores de startups no período de escala é justamente saber entender o que é fundamental para o founder mode e quais são as coisas que vão funcionar melhor se ele delegar usando o manager mode”, pontua.

Arthur Garutti, da ACE Ventures, opina que é difícil criar uma regra, já que os empreendedores têm estilos individuais e, no momento inicial, é natural que o fundador esteja mais próximo do negócio.

“Nos primeiros anos, estar muito próximo é importante. A mudança acontece com alguns anos de fundação da empresa, com o aporte correto e com o empreendedor se autodesenvolvendo em gestão. Não adianta largar, é preciso delegar, saber aonde quer chegar e como alocar as pessoas certas, com processos estabelecidos”, afirma.

M&As

A&EIGHT. O ecossistema de soluções digitais end-to-end anunciou a aquisição das empresas Cryah e Social Soul/Lomadee, com foco em aumentar a escalabilidade de ofertas de produtos e SaaS (Software como Serviço). A holding projeta atingir R$ 100 milhões em faturamento em 2025. Os valores das transações não foram revelados.

FitBank. Especializada em soluções de banking as a service, a fintech adquiriu 100% das ações do Rodobank, plataforma de serviços financeiros focada em transporte rodoviário de cargas. O valor da transação não foi divulgado. Esta é a segunda aquisição realizada pelo FitBank em dois anos e faz parte de um movimento de expansão de presença e entrega de mais produtos. Com operações também na América Central, a fintech processa mais de R$ 15 bilhões por mês.

Oportunidades

Concurso. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) realiza em 30 de setembro a 26ª edição do Concurso Cultural Acelera Startup. O evento promove conexão entre empresas de base tecnológica em fase de operação e tração com investidores e indústrias. Os participantes poderão passar por mentorias individualizadas, e as startups apresentarão pitches a uma banca avaliadora — a vencedora recebe um prêmio de R$ 20 mil. Para participar, é preciso se inscrever até 23 de setembro pelo site.

Validação. O Tecnopuc, parque científico e tecnológico da PUCRS, está com inscrições abertas para o programa de modelagem de negócios Tecnopuc Garage. Nesta edição, a iniciativa prevê o contato entre startups e empresas que podem se tornar clientes. O objetivo é que, no encerramento, um primeiro protótipo tenha validação prática no mercado. Até 20 negócios serão selecionados para participar do programa, que acontece entre outubro e novembro. Os três melhores projetos serão premiados com benefícios no Tecnopuc. As inscrições estão abertas até 6 de outubro pelo link.

Deeptechs. O Einstein lançou o programa DeepUp, focado na criação de startups baseadas em tecnologias científicas. Com o apoio da Thermo Fisher Scientific, a iniciativa selecionará até 12 equipes compostas por, pelo menos, duas pessoas, sendo uma delas um pesquisador. Startups com CNPJ aberto e menos de um ano de fundação já podem se inscrever. Ao final do programa, haverá um demoday para apresentação de pitches a investidores e especialistas do setor. Interessados podem se inscrever até 6 de outubro pelo site.

Curtas

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