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Amigos compram bar com dívida de R$ 1,2 milhão e hoje faturam R$ 500 mil por mês

Fonte: Redação

Quando iniciou a compra do Baixo Araguaia, Raphael Martins sabia que a decisão não parecia fazer sentido à primeira vista — o estabelecimento localizado na cidade do Rio de Janeiro estava com uma dívida de R$ 1,2 milhão, entre impostos e empréstimos do antigo proprietário. “O local tinha muitas oportunidades de negócio, mas que estavam pouco exploradas. Por exemplo, não tinha música ao vivo e não vendia chope”, afirma o carioca de 40 anos. Então, uniu-se aos amigos Daniel Bittencourt, Eduardo Bruno e Vinicius Chita para comprar o estabelecimento, em março de 2023.

Os empreendedores realizaram diversas mudanças — reformaram o espaço, decidiram abrir diariamente na hora do almoço e inseriram petiscos no cardápio. Hoje, o estabelecimento fundado em 1980 tem uma equipe de 26 funcionários diretos e fatura cerca de R$ 500 mil por mês.

Em entrevista a PEGN, Martins explica que os novos sócios fizeram um acordo em que não pagariam pelo negócio, mas assumiriam as dívidas de mais de R$ 1,2 milhão. “Fizemos uma negociação para parcelar a dívida em quatro anos”, afirma. No momento, ainda é preciso pagar R$ 700 mil.

Segundo o empreendedor, nenhum dos sócios conhecia o estabelecimento antes de iniciar a compra. “O Baixo Araguaia já era muito famoso como restaurante na região da Freguesia em Jacarepaguá, mas nós não conhecemos nem o nome”, diz. Então, Bittencourt soube que o antigo dono do Baixo Araguaia estava com dificuldades na administração.

“Visitamos o espaço e entendemos que poderíamos fazer muitas mudanças para aproveitar o potencial comercial. Então, após duas visitas já iniciamos a negociação de compra em fevereiro de 2023”, diz Martins, que já tinha 13 anos de experiência trabalhando na gestão de outros bares e restaurantes. Atualmente, ele se dedica apenas ao Araguaia.

“Era uma compra que não parecia fazer sentido do ponto de vista administrativo já que era um negócio que estava praticamente falido, mas foi uma decisão tomada pelo nosso lado empreendedor. Somos do ramo e sabíamos que era possível aproveitar.”

Baixo Araguaia inseriu petiscos no cardápio — Foto: Divulgação
Baixo Araguaia inseriu petiscos no cardápio — Foto: Divulgação

Segundo o empreendedor, a agilidade para tomar a decisão e implantar as estratégias foi fundamental para o sucesso do Baixo Araguaia. “Assim que compramos o negócio, já tivemos que nos preparar para o Comida di Buteco, que seria realizado no mês seguinte. O Baixo Araguaia participou de todas as edições do evento, que representa uma parte importante do faturamento”, diz Martins.

Os empreendedores gastaram R$ 250 mil na retomada do negócio — valor que foi somado ao montante da dívida. Uma das apostas foi mudar a imagem do Baixo Araguaia para que ele fosse visto também como um bar. “O Baixo Araguaia tinha uma imagem forte de restaurante, mas quisemos reforçar a vida noturna”, diz o empreendedor.

“Nossa primeira decisão estratégica foi fazer uma reforma rápida para mudar a estética do local, inserindo até um letreiro. Colocamos uma televisão para as pessoas verem jogos e ter som ambiente. Também acrescentamos petiscos no cardápio, que davam mais cara de bar”, diz Martins.

Para isso, os empreendedores investiram em pratos feitos “na brasa”, típicos de churrasco. “Criamos pastéis de brasa em sabores como coração de frango, pão de alho e coração”, diz Martins. Nas terças-feiras, o local vende lagosta na brasa.

Antes e depois da fachada do Baixo Araguaia — Foto: Divulgação
Antes e depois da fachada do Baixo Araguaia — Foto: Divulgação

O negócio já começou a faturar de maneira significativa no primeiro mês, com dinheiro para que os empreendedores mantivessem a operação do negócio e pagassem as dívidas. No quarto mês, o lucro já era dividido entre os sócios.

Segundo o empreendedor, parte do desafio era implantar as mudanças sem negligenciar o lado tradicional que afastaria o público antigo. “Nunca quisemos ser o tipo de sócio que ignora a história e a parte positiva do local, mas precisamos revitalizar e trazer novidades”, afirma. Uma forma de realizar isso foi manter os funcionários da casa. “A equipe já tinha uma proximidade com os clientes. A média de tempo de casa dos funcionários era de 14 anos”, afirma Martins.

No entanto, o empreendedor conta que ainda encontrou certos desafios para implantar as novidades. Por exemplo, quando os sócios optaram por abrir o Baixo Araguaia no horário de almoço, de segunda-feira a sexta-feira. “Os colaboradores nos disseram que isso já havia sido feito, mas não tinha dado certo. Ainda assim decidimos inserir pratos executivos durante a semana e se tornou um sucesso. Hoje abrimos diariamente. O Baixo Araguaia era um restaurante que basicamente funcionava de sábado e domingo, no horário do almoço”, afirma.

No Carnaval deste ano, outra discordância: os colaboradores acreditavam que a folia atrapalharia o movimento — e não valeria a pena abrir porque a maior parte dos moradores do entorno estaria viajando. “Decidimos funcionar mesmo assim, e recebemos muitos clientes. Hoje, se perguntar para os nossos colaboradores, todos eles vão querer trabalhar porque foi um momento em que eles ganharam muito dinheiro.”

Os empreendedores já estão focando na expansão do Baixo Araguaia, e pretendem abrir a segunda unidade ainda neste ano, em Búzios. “Queremos fazer uma ampliação do nosso negócio no Rio de Janeiro, abrindo duas unidades próprias por ano”, diz Martins. Para 2025 estão previstas unidades no Jardim Botânico e Nova Iguaçu.

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