A expectativa para a Black Friday no Mercado Livre é alta: Em 2023, a companhia registrou alta de 80% no valor total das vendas no período. O resultado superou o ano anterior antes mesmo da sexta-feira. Normalmente, a média de itens vendidos por dia é de 1,8 milhão, mas na campanha do ano passado, a empresa atingiu o pico de 2,8 milhões. A companhia não abre expectativas de venda para este ano, mas a perspectiva é positiva antes mesmo do fim desta sexta-feira, 29/11.
A empresa anunciou um investimento de R$ 40 milhões em cupons de desconto para o e-commerce para esta Black Friday, R$ 15 milhões para incentivar o uso do Mercado Pago e aumentou em 50% a verba para o marketing, mas os aportes para aprimorar a logística, segurança e experiência já vinham sendo feitos ao longo do ano. O primeiro deles, de R$ 23 bilhões, foi anunciado em abril, para a abertura de novos centros de distribuição em Brasília, Pernambuco e Porto Alegre.
Em junho, a companhia adicionou uma nova tecnologia no centro de distribuição de Cajamar (SP), o maior da empresa, que é responsável por processar cerca de 500 mil pacotes por dia. Com 113 mil metros quadrados e 4 mil colaboradores, o centro agora conta com a ajuda de 340 robôs móveis autônomos (AMR – Automated Mobile Robots), responsáveis por distribuir e mover produtos, com capacidade de processamento de até 20 mil itens por dia.
De acordo com a companhia, a nova tecnologia reduz o tempo de processamento de pedidos na operação em até 20%. A convite do Mercado Livre, PEGN foi até Cajamar (SP) para conferir a nova rotina da empresa para a Black Friday, na última quinta-feira (28/11).
Com operação em 18 países, o Mercado Livre é considerado o maior marketplace da América Latina. Em agosto, o valor de mercado da empresa argentina superou US$ 90 milhões, o que a alçou ao posto de mais valiosa da região. No Brasil, a plataforma é a mais acessada, seguida (de longe) pela Shopee. Atualmente, a plataforma reúne 1,3 milhão de vendedores nos países latino-americanos. “50% de toda essa quantidade está no Brasil”, afirma André Santos, embaixador da marca no Mercado Livre.
Como funciona a logística do Mercado Livre para a Black Friday?
No centro de distribuição, a cadeia de produção começa com o recebimento dos itens armazenados em grandes caixas. Em seguida, os objetos são separados e submetidos ao processo de qualidade. Isso porque, caso apresente algum defeito, o produto não seguirá para as próximas etapas da operação.
Quando o produto já está no estoque do Mercado Livre em Cajamar, o processo é ainda mais rápido, principalmente por conta dos robôs que elevam as prateleiras e ‘buscam’ os itens por meio da leitura de códigos. Chamado de modelo “fulfillment”, as mercadorias ficam estocadas até o momento que o consumidor efetua a compra na plataforma.
O centro de distribuição possui mais de 170 “ruas” divididas em prateleiras, que reúnem milhares de produtos. Santos afirma que esse modelo beneficia vendedores da plataforma. “Quantas histórias eu vejo de pequenos vendedores que sofrem com incêndio no galpão deles. Hoje, o vendedor tem a segurança de pegar esse contêiner direto da China e mandar para cá, por exemplo.”
Apesar do destaque para a tecnologia, a empresa ressalta o protagonismo da mão de obra humana para o resultado da operação. A operação funciona de forma organizada e bem estabelecida. O que também chama atenção é que tudo isso é feito ao som de uma playlist diversa e escolhida pelos próprios funcionários.
De acordo com o embaixador, os pequenos negócios que vendem pela plataforma passam por workshops, seminários, eventos e palestras, além de parceria com órgãos nacionais como o Sebrae. As iniciativas são realizadas em diversos estados durante o ano, a exemplo do Mercado Livre Experience, promovido no último mês de setembro.
“Nós trazemos a importância não só da Black Friday, mas de outras áreas, outras datas sazonais também. E trabalhamos com muitas orientações para os vendedores. Que tipo de produto você vai vender? O que você não pode fazer? Eu tenho que ter produto em estoque, para não ter ruptura. Eu tenho que ter qualidade de produto, eu tenho que vender um produto que não seja falsificado. Não queremos isso na plataforma”, explica.
Aliado ao Mercado Livre, o Mercado Pago também tem investido na criação de benefícios para atrair e manter vendedores na plataforma. Segundo o countryhead do banco digital, Daniel Davanço, as estratégias vão de acesso ao crédito a redução no preço das maquininhas para a Black Friday, por exemplo.
“Com inteligência artificial, identificamos qual é a melhor oferta de crédito, de que maneira que eu posso usar e se há uma oferta mais assertiva para aquele vendedor, tanto de crédito quanto de opções de investimento. Também usamos IA para prevenção a fraude. Isso ajuda muito em não negar uma transação que é verdadeira e, sim, bloquear aquela que tem o maior risco para o vendedor”, aponta.
Na primeira quinzena de novembro, o varejo on-line teve aumento de 11,24%, em comparação ao mesmo período do ano passado, conforme levantamento da Getnet. Já a previsão para a Black Friday da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm) é de alta de 10,2%, alcançando R$ 7,93 bilhões.
*Participante do Curso Valor de Jornalismo Econômico, sob supervisão de Paulo Gratão.