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Akilomba quer fortalecer a inclusão de designers e criativos pretos e pardos no mercado de trabalho

Fonte: Redação

Dois anos atrás, quando trocou o interior pela capital, a paulista Dora Ribeiro queria fazer novas amizades. Usou o LinkedIn para convidar pessoas que atuavam na mesma área que ela para um papo online. Mal sabia que estava dando o primeiro passo para criar a Akilomba, uma plataforma voltada para designers e criativos pretos e pardos, com foco na inclusão e no desenvolvimento profissional da comunidade que começou a se formar graças à sua iniciativa.

Nascida Isadora Ribeiros dos Santos, a designer de 25 anos, atualmente product design sênior em um grande grupo de beleza, se frustrou com a baixíssima adesão do primeiro encontro — apenas duas pessoas toparam seu chamado. No segundo papo online, porém, foram cerca de dez pessoas. “Com a evolução do grupo, organizei o primeiro encontro presencial, que reuniu 20 pessoas em 2023”, conta.

“Percebi que o que antes era apenas um espaço de troca começou a se transformar em algo maior. O Akilomba nasceu de uma necessidade de conexão e evoluiu para atender a dores reais do mercado, como a falta de capacitação técnica e emocional”, explica Ribeiro.

Em abril de 2024, o projeto foi formalizado com o nome Akilomba e teve seu primeiro evento oficial, reunindo 80 pessoas, sem conseguir atender a lista de espera devido à limitação do espaço. A alta demanda destacou não apenas a necessidade de um novo lugar como mostrou o potencial da iniciativa como negócio.

Educação e inclusão profissional

Com o crescimento, o Akilomba foi estruturado como um modelo de comunidade online. Os membros são divididos entre espaços gratuitos e uma área paga, chamada Akilomba+, que oferece benefícios exclusivos, como aulas técnicas e comportamentais, descontos em cursos, encontros com líderes de mercado e profissionais experientes.

Atualmente, o Akilomba+ tem 35 membros pagantes que contribuem com uma mensalidade de R$ 55,50, gerando uma receita de aproximadamente R$ 2 mil por mês. O modelo de monetização teve início há quatro meses e o valor arrecadado é destinado à manutenção da comunidade e ao custeio de eventos e capacitações.

“Nosso faturamento é pequeno, mas estamos mostrando que é possível crescer e trazer impactos positivos. Queremos atingir 200 membros pagantes até 2026 e impactar as mais de 1 mil pessoas da comunidade”, planeja a empreendedora.

Uma das propostas do Akilomba é distribuir bolsas de estudos. Ao longo do ano, já foi disponibilizado um valor superior a R$ 20 mil tanto em bolsas como em acesso a eventos organizados por empresas parceiras, que custeiam estudos e ingressos.

O Akilomba também conecta seus membros a vagas de trabalho — Foto: Divulgação
O Akilomba também conecta seus membros a vagas de trabalho — Foto: Divulgação

“Esse é um ponto muito importante quando a gente fala de inclusão, porque não é só sobre criar um espaço exclusivo para pessoas pretas e pardas como é o Akilomba, mas também é muito importante permitir que as pessoas possam ocupar e estar em lugares que nós não fomos lembrados ou convidados ou até mesmo considerados no processo de criação daquele produto”, ressalta a empreendedora.

O Akilomba também conecta seus membros a vagas de trabalho. Desde o início das atividades, mais de 300 oportunidades foram compartilhadas dentro da comunidade e ampliaram a inserção de pessoas pretas no mercado – que é o grande objetivo da comunidade.

Desafios e futuro promissor

Como todo empreendimento, o Akilomba enfrentou desafios para começar. Entre eles, a construção de um modelo de negócios sustentável e a identificação das reais necessidades do público, além da questão financeira para se manter.

O futuro, porém, traz muitas e boas expectativas. Um dos próximos passos – e grande sonho de Dora – é conseguir a certificação do Ministério da Educação (MEC) para transformar o Akilomba+ em uma instituição técnica ou até mesmo de ensino superior.

“Acredito na Akilomba como a universidade de profissionais do futuro, um espaço para trazer grupos sub-representados para profissões demandadas pelo mercado, mas geralmente ocupadas por pessoas privilegiadas”, compartilha.

Uma comunidade que vai além

O Akilomba é mais do que uma escola: é um movimento de inclusão. “Queremos criar um espaço onde pessoas pretas e pardas se sintam acolhidas e possam acessar oportunidades que antes pareciam inalcançáveis”, constata Ribeiro.

Seja conectando membros a líderes de mercado ou oferecendo capacitações que vão além do técnico, trabalhando inclusive o lado emocional dos envolvidos, a iniciativa reforça a importância de uma educação que também promova pertencimento e transformação social.

Com um modelo de negócios inspirado em plataformas de comunidades online, como o Founders Club e a Inventivos, para Dora Ribeiro, o Akilomba já demonstrou seu potencial e está apenas no começo da sua jornada. “Estamos construindo algo que pode mudar vidas. O Akilomba é uma prova de que inclusão e excelência podem caminhar juntas”, finaliza.

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