280 lojas da Chilli Beans já aboliram a escala 6×1 e Caito Maia lista benefícios – e desafios – da prática

Fonte: Redação

Em meio às discussões sobre a PEC que visa extinguir a escala de trabalho 6×1, algumas empresas já se anteciparam e começaram a mexer em seus negócios para acomodar jornadas mais flexíveis de trabalho. Uma delas foi a Chilli Beans, que tem cerca de 1,4 mil unidades – destas, 280 já adotaram a escala 5×2.

“A primeira reação do franqueado quando falamos sobre 5×2 é alegar que vai ter mais custo. Mas isso não é verdade”, diz Caito Maia, fundador da Chilli Beans. Ele tratou sobre o tema em um dos painéis da ABFCon, evento da Associação Brasileira de Franchising (ABF), que aconteceu na última semana em Una, na Bahia.

Maia compartilhou a experiência de uma franqueada, que foi uma das primeiras a testar a escala alternativa de trabalho. A empreendedora optou por colocar apenas um vendedor em períodos de menor venda, como na abertura da loja. “Isso não aumentou o quadro de funcionários”, afirma Maia. E, de acordo com ele, ela teria registrado aumento nas vendas, com transações feitas com “mais qualidade”.

“Coisas que foram ditas e consideramos muito importantes: ‘Eu prefiro trabalhar duas horas a mais por dia e ter dois dias livres só para mim.’ Então, o que está acontecendo é que a pessoa, em vez de trabalhar o horário normal, trabalha duas horas extras, e ela gosta disso. Ela diz: ‘Eu já estou no shopping e fico aqui. Vou dar um gás’”, afirma. Em resposta a uma pergunta da plateia, Maia afirmou que trabalhadores nessa escala são pagos por hora.

No entanto, apesar dos benefícios, a prática tem riscos: se o funcionário responsável pela abertura do ponto falta, por exemplo, o gerente precisa cobri-lo imediatamente.

Maia destacou como frutos colhidos com a escala 5×2:

  • Redução do turnover: O número de funcionários que deixam a empresa diminuiu drasticamente. Maia não abriu os números, mas a rede de restaurantes Spedini compartilhou que a mesma prática ajudou a reduzir o turnover de 54% para 17%.
  • Aumento de currículos: O número de currículos entregues nas lojas que utilizam essa escala triplicou. “A rádio peão roda e todo mundo quer trabalhar lá”, diz Maia.
  • Melhora na qualidade de vida dos funcionários: Os funcionários preferem trabalhar duas horas a mais por dia para ter dois dias livres, mesmo que não seja o final de semana, o que contribui para a melhora na qualidade de vida.
  • Melhora nas vendas: Uma franqueada relatou que a qualidade das vendas melhorou com essa escala.

Apesar de levar o assunto para o debate, Maia disse a jornalistas, logo após o painel, que não quer se posicionar como um porta-voz da promoção da escala 5×2, e que o modelo funciona em seu negócio, por ter uma característica de atrair muitos jovens em primeiro emprego.

“Eu ‘tô’ quietinho nesse assunto, porque eu fiquei traumatizado, não vou mentir para vocês”. A fala de Maia faz referência a uma entrevista que ele concedeu em agosto, na qual revelou não usar mais dólar para negociar com fornecedores chineses — e que causou polêmica nas redes sociais. A repercussão fez com que ele emitisse um comunicado esclarecendo que a decisão era estratégica para o negócio, e não política. “O que acontece é o seguinte: exercite o seu negócio. Questione o seu negócio. Veja se tem oportunidade. Não seja preconceituoso. Seja coração aberto. O mundo está mudando e é preciso entender a nova geração.”

Repasses e inadimplência

O painel em que Maia participou tinha a proposta de abordar temas difíceis nas redes. Ele revelou para os congressistas, por exemplo, que um dos principais desafios que enfrenta na rede atualmente é a inadimplência de royaties, que subiu de 2% para 7%. Isso teria sido um dos incentivadores para que ele promovesse o que ele chama de “oxigenação” na rede. “Se você não oxigena, você morre”, explica.

O termo, na prática, consiste em repasses de loja. Os movimentos têm sido feitos entre o ano passado e este ano — só em 2025, 20% das operações foram repassadas. De acordo com ele, quando a franquia troca de mãos, as vendas crescem entre 20% e 30%. “Esperamos colher no próximo ano os frutos desse período”, afirma.

* O jornalista viajou a convite da ABF.

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