Um encontro intermediado por um amigo em comum uniu, novamente, Jaques Wagner, líder do governo no Senado, e Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal. Desde que Wagner decidiu votar contra o Supremo e apoiar a PEC que proibia as decisões monocráticas, a relação com o Senado, que já não andava das melhoras, ficou ainda mais estremecida.
A conversa aconteceu na segunda-feira (18), no gabinete do ministro do Supremo, durou mais de uma hora. Segundo relatos, Mendes criticou o que considera um “equívoco” do Senado na condução das negociações da PEC, repudiou a versão de que o STF teria feito um acordo com senadores para ajustar o texto e aprová-lo sem alarde.
Jaques Wagner teria repetido a Mendes o que já disse publicamente: que é dele, e não do governo, a conta pelo voto que valida o desejo da oposição de diminuir os poderes do Supremo.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria, segundo fontes, cobrado Jaques Wagner pelo que foi interpretado como um gesto ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Ao liberar a bancada, Wagner permite que o PT carimbe sua posição contra a PEC, mas mantém em seu voto o sinal de que Pacheco tem respaldo no governo.
O líder do governo no Senado teria afirmado ainda que não votará pela aprovação da PEC que limita o mandato de ministros do Supremo.
Lula e Pacheco têm se aproximado neste segundo semestre. A combinação envolve o apoio do Planalto aos planos eleitorais de Pacheco em 2026, a candidatura de Davi Alcolumbre à sucessão da presidência no Senado e a garantia de governabilidade.
Avaliação de ministros da Corte, ouvidos sob reserva, é de que a aproximação do Supremo com o governo e a falta de interesse de Lira irão conter o avanço de outras pautas anti-STF em 2024.