A última sexta-feira (22) foi palco de uma nova revelação no panorama econômico norte-americano. O índice de preços de gastos com consumo (PCE) apontou uma queda de 0,1% em novembro de 2023, conforme dados liberados pelo Escritório Federal de Análise Econômica dos EUA (BEA). Se comparado aos dados do mesmo período no ano anterior, o indicador apresentou um crescimento de 2,6%, uma taxa menor se comparada com os 2,9% registrados em outubro de 2023.
O núcleo do PCE, que engloba todas as despesas excluídas de alimentos, energia e outros produtos voláteis, também apresentou uma diminuição, subindo apenas 0,1% contra 0,2% do mês anterior. Em novembro de 2022, esse indicador teve alta de 3,2%, apresentando uma redução se comparado a outubro do mesmo ano, que registrou uma alta de 3,5%.
Qual será o próximo passo do Fed quanto ao Dólar?
Os dados mais recentes levantaram novos questionamentos sobre a atuação do Federal Reserve, especialmente se ocorrerá ou não o corte do juro americano em março de 2024. Enzo Pacheco, analista da Empiricus Research, acredita que esse ainda depende dos dados vindouros de janeiro e fevereiro para chegar a uma decisão.
Considerando o PCE de novembro, Pacheco enxerga ainda como significativos os gastos das famílias americanas. “Se essa tendência se mantiver nos próximos meses, talvez o corte não ocorra em março, pode ser que seja em maio”, afirmou.
O que os investidores podem esperar do dólar em 2024?
Em meio a perspectivas de queda de juros, o câmbio tem se mantido na casa dos R$5 durante quase todo o 2023. Tanto o Federal Reserve quanto o Banco Central do Brasil sinalizam – e no caso brasileiro, já executam – uma taxa cada vez menor. No entanto, o juro real no Brasil (taxa nominal menos a inflação) é muito maior do que nos EUA, o que, segundo Pacheco, pode levar à intensificação do carry trade – um fenômeno em que investidores recebem valores na divisa americana e investem em território brasileiro para aproveitarem a alta taxa de juros.
Ainda no campo da especulação, o analista parece descartar extremos em relação à cotação também no ano que vem. “Não enxergo o cenário alinhado o suficiente para que o câmbio alcance R$4,20, como alguns preveem, mas também não prevejo um cenário catastrófico que eleve o dólar para R$6.”
É um bom momento para comprar dólar?
Segundo Pacheco, em função da expectativa de flexibilização do aperto monetário, a cotação do dólar pode seguir desvalorizando um pouco mais. Como conselho, o analista sugere que talvez seja interessante aguardar para conseguir preços mais baixos se o investidor ainda não tem nenhuma aplicação na moeda. Ele indica ainda a possibilidade de expor-se indiretamente ao dólar, investindo em ações americanas.