O antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), criado em 1945 por Getúlio Vargas, teve seu fim decretado no último mês de novembro, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) aprovou a criação de uma nova sigla: o Partido Renovação Democrática (PRD), oriundo da fusão do PTB com o Patriota.
Mas a antiga legenda, que estava havia tempos distante das origens trabalhistas, integrada nos últimos tempos por políticos posicionados à direita, pode ter seu legado recuperado com personagens que se ligam a outra figura histórica do partido: Leonel Brizola, ex-governador do Rio Grande do Sul e do Rio de Janeiro.
“É uma emoção muito grande poder resgatar a história de Brizola, e de todos os trabalhistas do Brasil, e poder retomar seus ideais na política”, diz à CNN Vivaldo Barbosa, ex-deputado federal, que está por trás do possível renascimento do PTB.
O primeiro passo para a volta da sigla foi dado em 1° de dezembro, quando o TSE autorizou os brizolistas a juntarem assinaturas, após o registro da pessoa jurídica em cartório. Será preciso levantar 500 mil assinaturas dentro de dois anos para recriar o PTB.
Ao mesmo tempo que o PRD, a junção do antigo PTB com o Patriota, já está devidamente registrado no TSE, o embrião do novo Partido Trabalhista Brasileiro também aparece nas páginas do Tribunal, como partido em formação.
Herdeiros do legado de Brizola
“Vamos contatar brizolistas em todo o país e conseguir a volta do partido que reunirá pensadores do trabalhismo, que é o melhor que o Brasil tem”, disse Barbosa, ex-secretário da Justiça de Brizola no governo do Rio. Ele também foi deputado federal pelo PDT, participando, inclusive, da Assembleia que elaborou a Constituição de 1988.
Para a empreitada, Barbosa já tem o apoio de dois integrantes da família Brizola: João Leonel Brizola Sobrinho e Leonel Brizola Neto.
Segundo ele, as eleições municipais de 2024 serão importantes para coletar assinaturas e apoiar prefeitos e vereadores para fortalecer a sigla.
Há também a participação dos netos de Leonel Brizola enquanto Carlos Daudt Brizola, ex-ministro do Trabalho do governo Dilma, e Juliana Brizola, deputada estadual no Rio Grande do Sul, fazem parte do PDT, Leonel Brizola Neto já é membro do novo PTB.
“É um reencontro com a história. Era uma tristeza ver o partido como uma antítese de sua própria origem. É um momento que envolve muita emoção por causa do meu avô e um momento para o trabalhismo no Brasil e no mundo”, afirma Leonel Brizola Neto.
Vivaldo diz que, após ter feito campanha política para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022, o PTB está naturalmente ligado à base do governo. Leonel Brizola Neto também diz que o partido estará governo Lula, mesmo que aconteçam discordâncias entre pautas dos partidos.
O ex-PTB
O antigo PTB — que hoje é o PRD, da fusão com o Patriota — era comandado por Roberto Jefferson.
Conforme mostrou a CNN na época da fusão entre os dois partidos, a negociação envolveu um pedido para que Jefferson – presidente de honra daquele PTB — nem sua filha, Cristiane Brasil, como também o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fizessem parte da nova legenda. Nos últimos anos, o partido já vinha lidando com brigas internas, que envolviam a retirada e o retorno de Jefferson ao comando do antigo PTB.
As aprovações internas do PTB e do Patriota para a fusão das duas siglas se deram três dias depois de Jefferson ter atirado com um fuzil contra policiais federais que cumpriam uma ordem de prisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
*Sob supervisão de Marcelo Freire