Após registrar em 2020 um de seus piores resultados eleitorais e não eleger naquele ano pela primeira vez desde 1985 nenhum prefeito na capital, o PT adotou uma estratégia pragmática em 2024 e abriu mão de lançar nomes próprios nos maiores colégios eleitorais do país.
Para reduzir os danos de deixar o número 13 fora das urnas e ocupar espaço político nas grandes cidades, o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu núcleo duro político no governo entraram em cena para costurar a indicação de vices eleitoralmente fortes, se acordo com fontes do partido.
Os dois movimentos mais vistosos de Lula foram respectivamente em São Paulo, onde avança a articulação iniciada por ele trazer Marta Suplicy de volta à sigla e lançá-la vice de Guilherme Boulos (PSOL), e no Rio de Janeiro, onde o petista e a primeira-dama, Janja da Silva, querem indicar Anielle Franco como vice de Eduardo Paes (PSD).
No caso paulistano, o PSOL já aceitou o nome de Marta, que sofre resistências apenas pontuais de setores mais à esquerda da legenda. Mas na capital fluminense Lula terá que pressionar Eduardo Paes, que tem predileção por um vice à direita no espectro político.
Em Recife, o PT emparedou o PSB e exige a indicação do vice João Campos (PSB) para apoiá-lo. O cálculo na capital pernambucana, segundo petistas ouvidos pela CNN, é o mesmo do Rio: Paes e Campos são favoritos à reeleição e naturalmente devem deixar o cargo para tentar o governo estadual em 2026, o que abriria caminho para o PT comandar duas capitais importantes.
Em Salvador, o PT local insistiu durante quase todo o ano de 2023 na tese de lançar um nome próprio na disputa para marcar posição.
A sigla chegou a lançar a pré-candidatura do deputado estadual Robson Almeida, mas recuou por pressão do senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e do governador Jerônimo Rodrigues (PT), que é seu aliado.
Com aval de Lula, o PT soteropolitano vai agora indicar o nome do vice do vice-governador Geraldo Júnior (MDB), que será o cabeça de chapa na capital baiana.
Em Belo Horizonte, o PT lançou a pré-candidatura do deputado Rogério Correia, mas mantém conversas com o prefeito Fuad Noman (PSD), que apoiou Lula na eleição presidencial de 2022 e é do mesmo partido do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
O PT venceu pela primeira vez em uma capital em 1985, quando Maria Luiza Fontenele venceu em Fortaleza. Em 2020, além de não vencer em nenhuma das 27 capitais, viu o numero de prefeitos cair para 1 ⁄ 3 do que tinha anteriormente.
Foi esse desempenho que levou a sigla a rever a estratégia histórica de lançar candidatos menos competitivos para construir lideranças e ocupar espaços.